João Carlos M. Madail
Saneamento básico como fator de desenvolvimento econômico-social
Por João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Saneamento é um fator essencial para o desenvolvimento econômico e social de um país. Os órgãos de serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à melhoria da qualidade de vida das pessoas, sobretudo na saúde infantil com redução da mortalidade, melhorias na educação, na expansão do turismo, atração de investimentos externos e tantas outras vantagens que elevam o conceito dos municípios que investem neste quesito. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a falta de saneamento básico tem sido responsável pela morte de 15 mil pessoas por ano em decorrência de doenças relacionadas de contaminações humanas. Este parece ser um dos principais problemas vividos no Brasil, que cresce com a desigualdade social.
A enorme diferença entre a classe social das minorias com pouca representatividade, com falta de acesso a educação, a cultura, à saúde, e a outros serviços básicos como o saneamento é uma realidade que cresce a cada dia nas periferias das cidades brasileiras. Muitos reduzem a idéia de saneamento apenas ao tratamento de esgoto, mas o abastecimento de água, a coleta e destinação adequada do lixo e a drenagem da água da chuva nas cidades também estão incluídos. Sem esses serviços, a saúde das pessoas fica comprometida, já que nas áreas sem saneamento básico é comum ocorrer a disseminação de doenças de veiculação hídrica por meio do consumo de água sem tratamento adequado e por esgotos a céu aberto, por exemplo.
Por outro lado, despejar esgotos não tratados pode poluir o solo, lençóis freáticos e reservas de água, levando à morte de animais e reduzindo a quantidade de água potável disponível. Os prejuízos podem se estender para a agricultura, comércio, indústria, turismo e outros setores da economia. Estudo divulgado recentemente, com dados levantados em 2022, causou grande preocupação a partir da notícia que Pelotas está entre os 20 piores, avaliados na questão de saneamento básico. Dados alarmantes para uma cidade de 325 mil habitantes fundada em 1758 e emancipada em 1812, ou seja, com mais de 211 anos e ainda não resolveu ou amenizou um problema básico pelos inúmeros Prefeitos que governaram o município em todo esse tempo. Segundo o estudo em relação ao tratamento de esgoto em Pelotas, apenas 21% da água tratada consumida retorna tratada ao meio ambiente. O estudo aponta também que 44% da água tratada se perde durante a distribuição, ou seja, quase metade do volume distribuído não chega aos consumidores.
O Município investe em saneamento por habitante, em média, R$ 66, abaixo dos cem maiores municípios do País que investem R$ 73. Há esperança de que o cenário possa se modificar a partir do funcionamento da nova estação de tratamento do Município em fase de conclusão, onde se estima que 40% da água a ser distribuída aos pelotenses será tratada. O que as autoridades responsáveis pela qualidade da água distribuída à população talvez ignorem é que cerca de 60% a 70% do corpo humano é composto por água. Ela ajuda a hidratar e levar os nutrientes, como oxigênio e sais minerais até as células, além de expulsar as substâncias tóxicas do corpo por meio do suor e da urina.
O mais importante a ressaltar é que o saneamento básico é importante para a qualidade de vida e o desenvolvimento da sociedade, uma vez que o contato com esgoto e o consumo de água sem tratamento estão ligados as altas taxas de mortalidade infantil, tendo como principais causas doenças como parasitoses, diarréias, febre tifóide e leptospirose. Espera-se que o novo governo que assumirá o município de Pelotas em 2025 tenha o "saneamento básico" como prioridade na sua agenda, não de promessas, mas de ação, para o bem de todos, especialmente da população que não conta com estes serviços.
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